quarta-feira, abril 30, 2008

DEMETRIUS SERAFIM - Entrevista


Estamos publicando uma entrevista com o Sr. Demetrius Serafim, pai do judoca Romulo Braga, que recentemente se transferiu para a Paraíba.
O Sr. Demetris Serafim é uma pessoa conhecida nos meios do judô pernambucano por sua posição contestadora e firme diante das atitudes da Federação Pernambucana.

O que levou V.Sas. a fazer com que seu filho praticasse Judô?

A escolha da prática do Judô partiu da vontade de meu filho, não tendo nenhuma participação de minha parte na escolha de que esporte o mesmo deveria praticar, pois entendo que esta é uma escolha pessoal, pois são as aptidões da pessoa que o levam a praticar determinado esporte.

A educação que transmiti e transmito a ele, é voltada para o respeito e orientação nas suas decisões, não cabendo a mim, determinar as escolhas de sua vida, mas apenas orientá-lo da melhor forma que entendo.

Quero também ressaltar o trabalho profissional e acima de tudo educativo do Sensei Clayton Alves, a quem dedico meus respeitos e admiração como Professor e Educador, que tem suas qualidades profissionais incontestáveis, e sua dedicação a seus atletas. Esse merece MEUS RESPEITOS!

Como era sua relação com a Federação Pernambucana de Judô?

Minha relação com a Federação sempre foi conflituosa e marcada por muitos desgastes, e consequentemente, gerava um grande desconforto na prática do Judô por parte de meu filho.

Não posso entender que um atleta filiado a uma Federação tenha dificuldades para ter acesso ao Estatuto desta Federação.

Não posso entender como se vai participar de Competições desconhecendo as regras que a norteiam.

Não posso entender que no meio de competições se altere as regras a bel prazer de seus dirigentes, bem como motivadas por interesses desconhecidos dos atletas.

Em 1998, quando da disputa para a Seletiva que indicaria os atletas para participarem do Regional e Sul Americano, foi dito que participariam da referida Seletiva os quatro melhores classificados no Pernambucano.

Este seria o primeiro ano que meu filho disputaria o Campeonato Pernambucano, portanto, era o início do mesmo em competições Estaduais.
Quando da realização da referida Seletiva, estavam presentes além de meu filho, 3 atletas que não obtiveram esta colocação.

Questionei na época o Sensei Marcos Roberto, sobre o fato, e posteriormente fomos pessoalmente apresentar esta reclamação ao Presidente da FPJU, Sr. Mota, que de forma absurda negou que tivesse feito tal afirmação.

Entrei com Processo no TJD, acostando à mesma fita de vídeo, onde tal afirmação era feita, além de fotos dos atletas ranqueados, bem como fotos dos atletas que participaram da seletiva, que corroboravam minha afirmação.

Devido a este processo, o Sensei Márcio Roberto sofreu tremenda pressão, e até hoje o mesmo não foi julgado. Aliás, desafio a apresentação do Processo, bem como a Decisão do mesmo.

Este é apenas um exemplo de muitos problemas que vieram a acontecer, e que não foram poucos.

O Sr. Transferiu seu filho para a Paraíba. Por quê?

Eu já vinha pensando em proceder a sua transferência há alguns anos, e para alguns o fiz devido a Bolsa que a Paraíba concede como incentivo aos seus atletas.

Tal justificativa não condiz com a realidade, quem faz tal afirmação não me conhece, ou simplesmente prefere encontrar um desculpa diferente da realidade que vive o judô de Pernambuco, e faz como o Avestruz. Não o fiz pela possibilidade de conquistar esta bolsa, o fiz porque em 2007, meu filho praticamente abandonou o Judô, pois não via motivo de praticar um esporte que não lhe trazia nenhum prazer, além de decepções e desmotivação, fato este compartilhado por vários atletas.

Depois que li a Entrevista do Professor Simbaldo no seu blog, percebi que poderia levar meu filho a praticar o esporte em um ambiente que tivesse preocupação com o atleta e com a filosofia do judô.

Quero aproveitar para agradecer a recepção do Presidente Simbaldo, sua atenção, cordialidade e educação, tão antagônica a recepção que temos em Pernambuco, que, aliás, o Presidente não aceita resolver problemas do Judô com os atletas e seus responsável, prefere atender os técnicos.

Também quero ressaltar a atenção com que fomos recebidos pelos Técnicos da Shintai-dô, o Sensei Denis e o Sensei João, e a todos os atletas que fazem parte desta família, que nos trataram sem nenhuma discriminação por sermos de outro Estado.

No lugar de transferir seu filho para a Paraíba, não era mais educativo tentar confrontar e mudar o relacionamento existente em Pernambuco?

É verdade, até porque serviria de lição para o mesmo, que não devemos nos subjugar a decisões discricionárias ou impositivas. Tentei formar uma Associação de Amigos, Pais e Atletas do Judô, que a princípio teve boa receptividade por parte de quem indaguei. Mas na hora de montarmos a Diretoria desta Associação, veio a decepção, pois todos alegavam mil razoes para não fazer parte da Diretoria. A realidade é que ninguém queria se expor perante o Presidente da Federação com medo de que seu filho viesse a sofrer perseguições.

E a proposta da Associação não era confrontar ou fazer oposição à Mota, mas sim buscar caminhos que proporcionasse aos atletas um desenvolvimento tranqüilo. Entre as propostas discutidas estavam:
-Ação junto ao Estado, para que nas competições de Judô estivesse presente uma ambulância;
-Conseguir uma Maca profissional para retirar o atleta do tatame, em caso de algum acidente, transportando-o de maneira correta;
-Ação junto a Empresas e Governo do Estado para patrocinar atletas que fossem disputar competições fora do Estado;
-Trazermos nomes de projeção Nacional pra treinamentos e Seminários;
-Maior transparência nas competições;
-Acabar com esse ambiente de medo que impera em nosso Estado;
-Defesa intransigente dos atletas, entre outras coisas.

Esse é o quadro que domina o Judô de Pernambuco, e não consigo entender esta apatia, uma vez que todas as despesas de nossos filhos são custeadas pelos pais, não tendo nenhuma vantagem financeira, portanto, se paga pela prestação de um serviço que é a prática do judô, e se aceita não receber o produto completo.
Portanto, não tenho vocação para herói, não tenho vocação para ser advogado de quem não quer se defender, de quem não busca seus direitos.

A lição maior que espero que meu filho tenha aprendido é nunca se sujeitar a barganhar favores ou benefícios que não sejam resultados de seus esforços, pois dignidade não se compra, se conquista, e que não se devem aceitar passivamente atos que contrariem seus princípios e valores.

Que conselhos você daria aos pais e judocas de Pernambuco?

Não me cabe o direito de aconselhar os pais ou os judocas de Pernambuco, pois entendo que cada um busque seus objetivos e caminhos. Se para alguns mudar de Estado é o que entende certo, Parabéns. Se para outros é buscar treinar na Liga, parabéns! O importante é cada um consiga praticar o Judô de forma tranqüila e que possa se desenvolver com incentivo e que seus sonhos possam ser alcançados.

Afinal, porque se pratica judô, se não para se desenvolver a disciplina; desenvolver a capacidade de analisar a realidade que o cerca e desenvolver valores como a honestidade, humildade, solidariedade, respeito, etc. Tornar-se uma pessoa útil a sociedade, isto, sem falar na parte de preparação física nos princípios do judô.

A permanência de um indivíduo no cargo de Presidente por mais de 20 anos, entendo que é nociva a qualquer esporte, pois os valores que norteiam o cargo são desvirtuados pela simples vaidade de se manter no poder de forma arrogante e muitas vezes autoritário, não sendo um exemplo para serem dados a nossos filhos.

Quero apenas dizer que estamos muito satisfeitos em defender a Paraíba, em vestir este kimono que tem uma única tradução: “NA PARAÍBA O JUDOCA É RESPEITADO E TRATADO COM DIGNIDADE!

Quero aqui também aproveitar a oportunidade para parabenizar seu trabalho, seu blog, embora acredite que o fruto só será gerado num futuro, que espero não esteja distante.

Também surgirão comentários do tipo que só agora dei entrevista depois que meu filho saiu do Estado. Só o fiz agora por que só agora recebi essa proposta, mas nunca me furtei de comentar em seu blog e colocar meu nome, pois nunca tive medo de quem quer que seja, e plagiando o Professor Targino: “ESTÁ PRA NASCER O HOMEM DE QUEM TEREI MEDO!”.

Demétrius Serafim
"DA ERA MAMEDE SÓ FALTA MOTA, POR OMISSÃO DOS PERNAMBUCANOS!"

7 comentários:

Anônimo disse...

PARABENSSS DEMÉTRIUS
EU COMO MAE DE EX ATLETA DE PERNAMBUCO, CONCORDO PLENAMENTE COM TD QUE FOI DITO ...
DESEJO A TDS OS ATLETAS PERNAMBUCANOS MTO SORTE!
ABRAÇOS

Anônimo disse...

Infelizmente este é o retrato de Pernambuco.
Eu já devia ter levado meu filho também para a Paraíba, só com o esvaziamento de atletas do Estado, pode ser que as coisas mudem.
Parabéns!

Anônimo disse...

Esse é o Tio Demetrius que conhecemos.
Parabéns!

Anônimo disse...

Lamentável que Pernambuco continue a perder atletas para outros Estados, como foi o caso de Marcos Mazzoni e Romulo Braga, atletas de nível, de técnica apurada.
Este é um triste retrato que continuaremos a assistir.
Ao Sr. Demetrius, parabenizo pela entrevista lúcida e verdadeira

Anônimo disse...

Gilson targino

Sr.Demétrio parabéns por tudo que o senhor falou, seria um grande privilegio para qualquer dirigente ter uma pessoa com o seu gabarito por perto para compartilhar de sua inteligência, seus conselhos, suas orientações, de sua honestidade.
Eu lhe conheço há pouco tempo, mas já percebi estas qualidades que não é privilégio seu, mas é obrigação de todo ser humano do bem. Pessoas de sua estirpe jamais serão convidadas a compor a diretoria da fpju pelo simples fato de ser um ser pensante.
Parabéns.

Anônimo disse...

Nossos atletas enquanto categoria até pré-juvenil vão ficando, vão lutando, pois seus pais ainda não acordaram para o que é o Mota.
Quanto tomam consciencia, param, ou praticam por praticar, sem aquela deterinação de outrora.
Quando são favorecidos, apadrinhados pelo Mota, continuam, e sempre vencem em Pernambuco.
Quando vão disputar campeonatos fora do Estado, os pais ouvem perguntas muito inconvenientes: Como é que Mota ainda é Presidente?
Não sabem ou não querem responder.
Quando se tem dignidade, não se submetem aos caprichos do Mota, só tem dois caminhos: Abandonar o Judô, ou o Estado.
O que estamos vendo é este quadro. Quem pode vai embora, quem não pode, deixa o judô.
Ao Sr. Demetrius meus parabéns. Sempre soube expressar suas opiniões, mesmo que contrárias a Mota. Sempre soube fazer questionamentos.
Aos que ficamos:Sofrimento e vergonha.

Anônimo disse...

Lamentável que atletas e pais tenham que tomar tais atitudes de mudar de estado , por covardia dos representantes de associações da FPJU. Pois são eles que reelegem o CORONEL , então são os maiores culpados por este quadro de decadência do judô de PE.