quarta-feira, fevereiro 27, 2008

SIMBALDO PESSOA - 2a. Parte



Abaixo a parte final da Entrevista do Professor Simbaldo Pessoa:

A Paraíba tem recebido e feito vários Campeonatos de âmbito nacional. A que se devem esses eventos?

Professor Simbaldo: A Paraíba sempre teve tradição em realizar eventos nacionais. Nesse sentido foi o estado que mais realizou o Campeonato Norte e Nordeste que existia anteriormente, sendo substituído hoje pelos Campeonatos Regionais. A falta do Campeonato Norte/Nordeste hoje representa uma lacuna nos eventos nacionais. Há dois anos atrás, quando da Assembléia da Confederação Brasileira de Judô, foi editado um documento, subscrito pelos 15 (quinze) presentes de Federações requerendo o retorno do desse campeonato, sendo que até agora o Presidente da CBJ não se manifestou sobre esse pedido. Com relação à realização dos Campeonatos Brasileiros e Seletivas nacionais em nossa cidade, acredito que isso é fruto da credibilidade que nossa Federação conquistou. É notório que tenho divergências políticas com o atual presidente da CBJ, divergências essas no campo estritamente da política desenvolvida por ele, quando se trata de encarar holisticamente os diversos problemas que assolam as Federações, no entanto temos um relacionamento pessoal respeitoso e cordial que conseqüentemente leva a uma relação administrativa eficiente. O presidente Paulo Wanderley sabe que apesar desses desencontros de pensamentos, a Federação Paraibana de Judô estará sempre acostada e disponível para ajudar no que for necessário para o desenvolvimento do judô nacional, e em especial o do Norte/Nordeste, sem misturar ou envolver política nesses empreendimentos.


Como V. Sa. analisa, hoje, o Judô Nordestino?

Professor Simbaldo: O Judô Nordestino deu um salto de qualidade muito grande. No tempo do meu professor, com raríssimas exceções, os atletas nordestinos ficavam disputando quanto tempo ficariam segurando os kimonos dos paulistas. Hoje temos uma realidade completamente diferente, nossos atletas não só conseguem treinarem de igual para igual com os paulistas, mas têm sido muitas vezes campeões brasileiros em cima exatamente de atletas paulistanos. Não podemos deixar de registrar o excelente trabalho desenvolvido pela família Queiroz, capitaneada pelo mestre Abdias, no Piauí. A Federação Piauiense é um exemplo de competência técnica, fazendo vários campeões brasileiros e conseguindo também emplacar vários atletas nas seleções nacionais. As demais Federações da nossa região também estão crescendo, a exemplo do Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Paraíba. Nossa situação poderia estar melhor se houvesse uma parceria com a Confederação Brasileira de Judô. Esses resultados são frutos exclusivamente dos trabalhos dos presidentes de Federações, dos Clubes. e de suas equipes, não havendo a mais simples e singela ajuda ou participação da Confederação Brasileira de Judô. Nesse sentido é preciso que o Presidente da CBJ esteja atento aos anseios da comunidade do Judô. A CBJ por lei, não é credenciada apenas cuidar apenas de uma política específica ou de um segmento do Judô. Ela existe como entidade Nacional de Administração do Desporto, para cuidar do Judô Nacional em toda sua dimensão e particularidades. Existe uma heterogeneidade muito grande no nosso meio. O Judô da Paraíba é diferente do de Pernambuco, o de São Paulo, por sua vez é completamente diferente do Judô do Rio Grande do Sul, e por aí vai. O que existe de comum nos estados das regiões Norte e Nordeste, é apenas a enorme carência de incentivo técnico e material. Com exceção de São Paulo, todos os estados brasileiros são carentes de apoio e da parceria com a CBJ, já que apenas ela é que recebe recursos oficiais do Governo Federal. A França valorizando as regiões, com um programa de ensinamento de judô, objetivando oferecer o conhecimento das diversas fases do aprendizado simultaneamente entre elas, mesmo sendo um país pequeno em relação ao nosso, conseguiu fazer mais campões Olímpicos e Mundiais que o Brasil. É bom ressaltar que esses campeões normalmente são de regiões diferentes, contrariando o que acontece no Brasil aonde os dois campeões olímpicos são de São Paulo, bem como os principais medalhistas internacionais. Aplicar recursos no aprimoramento técnico dos atletas das diversas federações significa ampliar o leque de opções para o aparecimento de novos valores e futuro campeões. Ficar esperando que São Paulo e outro reduzido número de federações formem atletas para integrarem a seleção nacional é bastante cômodo e atrativo, visto que essas federações nada recebem como contrapartida. Penso que despejar aleatoriamente todos os recursos que entram na CBJ, no Judô de rendimento, é no mínimo incoerente. O Presidente tem que ter sensibilidade para ser o presidente de todos e não apenas o presidente de uma parte do Judô brasileiro, ou da Seleção Nacional.

Há apoio do Governo do Estado ao Judô Paraibano? Há apoio da mídia? O que a Federação fez para tal apoio?

Professor Simbaldo: Pela primeira vez a Paraíba tem a uma ajuda do poder público institucionalizado. O Governador Cássio Cunha Lima numa demonstração de apoio ao esporte e por entender a sua profunda inserção na comunidade e seus benefícios, sancionou Leis que atendem aos anseios da comunidade esportiva. Primeiro foi Lei da "Bolsa Atleta", que visa premiar com uma ajuda financeira que varia entre um salário mínimo até R$ 2.000,00 aos atletas que conquistam resultados a nível nacional ou internacional e aos que têm futuro promissor na modalidade. Agora está para ser sancionada a Lei denominada "Faz Esporte" que tem a finalidade de ajudar as Federações Amadoras do Estado no que concerne à realização de eventos nacionais no nosso Estado e ao atendimento ao calendário das Federações. Nesse sentido não posso deixar de registrar o nosso agradecimento ao Governador Cássio Cunha Lima, por fazer Política Publica em beneficio do esporte. Por outro lado também devo registrar a competência e a operosidade do Secretário de Esportes, Deputado Rui Carneiro, que tem sido um baluarte na defesa intransigente de melhorias para o esporte Paraibano.

Que conselho V. Senhoria daria aos judocas nordestinos?

Em primeiro lugar que eles entendem que a prática do judô "é uma escola de vida para a vida". Em seguida que se mantenham firme nos treinamentos, respeitando seu professor, colegas, e sabendo que nem todos vão chegar a serem campeões no tatame, mas entendam que a prática do judô, através de seus ensinamentos, traz benefícios que serviram como base na sua formação pessoal.


Simbaldo de Almeida Pessoa
Presidente da federação paraibana de Judô

"DA ERA MAMEDE, SÓ FALTA MOTA!

Um comentário:

Anônimo disse...

Os pais, os Técnicos e os Judocas deveriam ler esta entrevista, e fazer uma comparação sobre a administração da FPJU.

Simplesmente uma aula que merece respeito. Uma administração que obtém resultados positivos.

Enquanto que nós estamos caindo, caindo... a Paraíba está subindo, subindo..

É para nós uma vergonha e uma lição do que podéríamos ser.